O projeto de pesquisa que deu origem aos três livros que compõem a coleção “Diálogos com Vito Letizia” surgiu do encontro de dois grupos de amigos do professor e marxista. O primeiro era composto de ex-integrantes da Libelu, “os modernos”, que militaram com Vito nos anos 1970 e 1980, no contexto da ditadura e da reabertura política. O segundo grupo, “os clássicos”, era formado por ex-alunos de economia da PUC-SP. Junto com Vito, eles formaram um grupo de estudos que durou quase duas décadas.
O Vito “fez nossa cabeça” e insistiu que a gente não deveria se perder nessa vida. Aliás, essa sabedoria fui entender anos depois: a melhor maneira de desenvolver cumplicidade num grupo é estudar juntos, desenvolver um jeito de pensar, enfrentar as questões. Seja lá onde cada um de nós está hoje, seja lá o que estejamos fazendo da vida, temos algo em comum na maneira em que fomos forjados a pensar e a proceder, à maneira de Letizia.
Victor Leonardi
É muito difícil sintetizar em duas ou três páginas tudo o que eu gostaria de dizer a respeito do pensamento de Vito Letizia, pois os livros que ele publicou são densos, complexos, e estão baseados em um conhecimento amplo e profundo a respeito da história contemporânea e da filosofia política. São textos escritos por um homem que pensava de forma absolutamente livre, ousada e independente, sem dogmatismo.
Renato Letizia Garcia
Eu quero agradecer a oportunidade de estar aqui neste evento e ressaltar o orgulho e a honra que tenho em poder falar para essa plateia sobre o meu tio Vito.
Para explicar este orgulho, descrevo inicialmente como era o diálogo com meus pais sobre o Vito, quando eu era criança.
Cida Duran
Quando lemos um texto do Vito, temos a satisfação de estar lendo algo objetivo e claro, tanto com relação às ideias, quanto às palavras muito bem colocadas. Mas o Vito não era um escritor-relâmpago. Seus textos eram a finalização de um enorme esforço para que aqueles que o lessem não tivessem dúvidas sobre o que estava escrevendo.
Ninguém passa incólume por Vito Letizia. Seu conhecimento, seu rigor e sua erudição são utilizados com o fim, como ele mesmo afirmou, de elaborar uma crítica aos desenvolvimentos – em especial àquele do processo revolucionário russo – que fizeram o movimento operário aportar onde ele se encontra neste momento. Pode-se concordar ou não com as opiniões de Vito Letizia, mas não se pode ignorá-las.
Em 26 de outubro de 2011, Vito Letizia deu uma de suas últimas palestras públicas, como convidado do “Seminário das Quartas”. O encontro, organizado pelo filósofo Paulo Arantes, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), teve como tema a crise do capitalismo. Publicamos aqui a transcrição da palestra e do debate que se seguiu.
Em entrevista à revista “Caros Amigos”, Vito Letizia faz um balanço da crise mundial do capital, e em particular do lugar ocupado pelo Brasil e suas perspectivas.
“Há uma crise na zona do euro, uma crise de acúmulo de dívidas públicas, que já há algum tempo impede os países da zona do euro de ter um déficit público máximo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Nem a Alemanha, que é o país mais forte, está cumprindo esse objetivo.”
O site Interludium – reflexões anticapitalistas foi lançado em 23 de outubro de 2011, com uma palestra de Vito Letizia na sede da Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc). Sua criação foi um dos resultados do processo que começou com o grupo de estudos marxistas formado na PUC e para Vito tinha uma importância extraordinária como aglutinador das reflexões e discussões que se estenderam e ampliaram por mais de uma década.
Riqueza, em termos gerais, é o conjunto das coisas capazes de satisfazer necessidades. Muito mais do que nos modos de produção precedentes, em que as trocas estavam menos desenvolvidas, a riqueza no modo de produção capitalista é constituída por mercadorias. Pois tudo que é apreciado na sociedade capitalista é comerciável e nela quem nada tem para vender e nada pode comprar não tem acesso à riqueza. É necessário, portanto, primeiramente definir esse elemento essencial à sobrevivência na sociedade capitalista: a mercadoria.