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O projeto base das entrevistas com Vito

Vito Letizia e Emmanuel Nakamura em 2008

O projeto de pesquisa que deu origem aos três livros que compõem a coleção “Diálogos com Vito Letizia” surgiu do encontro de dois grupos de amigos do professor e marxista. O primeiro era composto de ex-integrantes da Libelu, “os modernos”, que militaram com Vito nos anos 1970 e 1980, no contexto da ditadura e da reabertura política. O segundo grupo, “os clássicos”, era formado por ex-alunos de economia da PUC-SP. Junto com Vito, eles formaram um grupo de estudos que durou quase duas décadas.

Ao saberem que Vito Letizia estava doente, os dois grupos se juntaram com o intuito de fazer com ele um amplo balanço da experiência histórica da esquerda brasileira. O projeto, elaborado pelo ex-aluno Emmanuel Nakamura, foi o primeiro passo para a preparação de um roteiro abrangente de entrevistas. Para Vito, esse balanço não era possível sem uma análise rigorosa de todo o período histórico chamado genericamente de modernidade. Por isso, o roteiro e as entrevistas partem da Revolução Francesa e seguem para as revoluções europeias do século 19, o surgimento do movimento operário, do marxismo e da social-democracia e a Revolução Russa até chegar ao Brasil, sua formação e os tempos atuais.

Essas conversas foram gravadas em Gramado (RS), onde Vito morava, e em São Paulo, nas suas raras visitas à cidade. Foram quase cem horas de gravação, que se estenderam de 2010 até pouco antes de sua morte, em 2012.

Vale ressaltar que, devido a seu rigor intelectual, Vito só concordou em fazer essas gravações depois de entender que elas seriam organizadas e pensadas com antecedência. Quando leu o projeto de Emmanuel Nakamura, disse: “Pela primeira vez alguém conseguiu sistematizar meu pensamento e um percurso que julgo necessário para avaliarmos ações e a experiência histórica da classe trabalhadora.”

Publicamos aqui a íntegra do projeto de Emmanuel Nakamura. Alguns dos textos de Vito que são mencionados podem ser lidos neste site (basta clicar no título). Outros ainda estão em processo de preparação e serão incluídos depois.


Projeto de pesquisa:

O balanço de Vito Letizia sobre a experiência da “esquerda”

Emmanuel Nakamura

Membros do projeto:

Vito Letizia (cordenador), Caio de Andrea, Danilo Nakamura, Emmanuel Nakamura, Fernando Adura, Gabriel Rossini, Joana Biava, José Arbex Jr., Jorge Nóvoa, Lúcia Pinheiro, Luiz Ambrozio, Maria Aparecida, Miroslava Lima, Olívia Carolino, Rafael Nakamura, Renata Filgueiras, Rogério Perito e convidados.

Objetivo:

O objetivo geral desta pesquisa é reavaliar historicamente as categorias que norteiam a ação política de esquerda – classe, partido político e vanguarda revolucionária –, à luz do seu esvaziamento de significado na contemporaneidade. O objetivo específico desta pesquisa é apresentar um balanço crítico e sem reservas da trajetória da “esquerda” brasileira, enfocando a formação da organização “Liberdade e Luta” (Libelu) e do Partido dos Trabalhadores (PT). Trata-se de entender:

  1. o crescimento da Libelu no final dos anos 1970;
  2. uma possível relação entre o seu definhamento e o crescimento do PT; e
  3. por que a Libelu forneceu os quadros de maior destaque para o PT.

A hipótese desta pesquisa é que essa trajetória da “esquerda” brasileira não pode ser compreendida sem uma reavaliação do paradigma que ainda norteia a ação política de esquerda: a Revolução Russa.

Introdução:

Contemporaneamente, as categorias que norteiam a ação política de esquerda parecem ter perdido o significado próprio que possuíam quando o socialismo aparecia como uma alternativa ao sistema capitalista. Segundo Vito Letizia, com o “fim das ilusões na URSS enquanto portadora de uma perspectiva de revolução anticapitalista para o mundo”, as grandes organizações operárias, “embora há muito tempo degeneradas, mas pelo menos mantidas no terreno da defesa dos interesses materiais imediatos dos trabalhadores”, transformaram-se em “agentes ativamente a serviço, mais que do capitalismo em geral, da remuneração do capital fictício e operantes em todos os níveis, da alta finança ao nível microempresarial”.1LETIZIA, V. “Viabilidade do desenvolvimento capitalista na periferia (análise do desenvolvimento capitalista na periferia à luz do pensamento econômico crítico)”. In: VIEIRA, R. M.; SAWAYA, R. Brasil e América Latina: impasses e desafios para o desenvolvimento. Departamento de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUC-SP, 2006. p. 65.

No Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT) “não tardou em enquadrar-se na nova unanimidade em torno da ‘democracia’, o que se traduziu numa ávida correria aos postos eletivos”.2Idem. A farsa democrática brasileira e o P-SoL. Texto para discussão, escrito em meados de 2008. p. 3.

O PT “beneficiou-se do grande movimento cívico contra a ditadura, o qual portava uma esperança geral de democratizar o país e realizar no Brasil a sociedade salarial (seguridade social e direitos trabalhistas) conquistada na Europa”. Lula e o núcleo dirigente do PT “queriam um partido dos trabalhadores, mas não um partido de classe” e “esperavam unir a maior parte da amplíssima frente antiditatorial em torno de um projeto de Estado de bem-estar à brasileira”. Desse modo, eles faziam, sem saber, “uma distinção coerente com a definição marxista de partido de classe, que é a organização dos trabalhadores contra a burguesia, coisa que não desejavam”. Assim, estava posto um duplo horizonte ao partido: “o enquadramento na pseudodemocracia da ‘Constituição cidadã’ de 1988” e o caminho da luta de classes, desejado pela base militante, que defendia a alternativa anticapitalista do PT”.3Idem. O P-SoL na encruzilhada. Texto para discussão, janeiro de 2007. p. 2.

No entanto, a trajetória da “esquerda” seguiu naturalmente a primeira opção: “Formada em escolas políticas para as quais o mero controle do aparelho estatal por um partido ‘consciente’ dos interesses tidos como do proletariado seria a condição suficiente para construir o socialismo, é de sua natureza cair na tentação de fazer carreira nesse aparelho, sempre que as oportunidades eleitorais aparecem.”4Idem. A farsa democrática brasileira e o P-SoL, op. cit., p. 3.

A legitimidade da representação política – apesar de “já fortemente deteriorada aos olhos do povo” – “se baseia num resíduo da antiga aspiração popular de ter um governo republicano (…), nascida das transformações da sociedade europeia que impulsionaram a Revolução Francesa, a qual repercutiu de forma atenuada nas sociedades escravistas da América”. A “liberdade” “adquiriu o significado de ‘independência’, o que reduzia a aspiração de liberdade à simples substituição da dominação metropolitana pela classe dominante nativa, que era simplesmente a contrapartida local da mesma coisa”.

Já a “igualdade” “adquiriu o significado de equiparação dos direitos civis restrita ao grupo de nativos que assumiu o controle das velhas instituições coloniais, com os proprietários de terra agrícola e de áreas urbanas nas funções principais”. Ela foi “dada como satisfeita com a abolição da escravatura”, e a aspiração ao acesso igual à terra se esvaiu “lentamente na migração contínua de posseiros expulsos de suas terras, movida pela grilagem, orquestrada à margem da lei por governadores, prefeitos e membros do aparelho legislativo”.

Depois ela se reduziu a “um item do desenvolvimento econômico nacional”, e, nos dias de hoje, desemboca “nas políticas de domesticação dos camponeses sem terra, que a corporação de políticos profissionais, com o consentimento tácito dos partidos do movimento operário e dos aparelhos sindicais parasitários, classifica agora como mera ‘demanda social’ por assentamento em terras menos aproveitáveis para a agricultura de exportação” em mãos do agronegócio.5Ibidem, pp. 2-3.

Na Europa, essas aspirações da Revolução Francesa foram levadas adiante, no século XIX, pelo movimento dos trabalhadores. Por isso, as aspirações comunistas remetiam ao encerramento do processo revolucionário francês com o retorno ao poder da ala burguesa favorável à republica censitária. Segundo Letizia, esta é a característica básica do Termidor: “É o início da dominação de uma nova classe social, que é capaz de realizar as aspirações fundamentais que moveram o processo revolucionário.”6Idem. Termidor. Texto para discussão, escrito no final de 2008. p. 2.

Daí porque o “grito de guerra” dos trabalhadores, após 1848, tinha de ser a “revolução em permanência (Revolution in Permanenz)”: “É nosso interesse e nossa tarefa fazer a revolução permanente, até que todas as classes possuidoras em maior ou menor grau sejam alijadas do poder.”7ENGELS, F.; MARX, K. Ansprache der Zentralbehörde an den Bund vom März 1850. Marx Engels Werke (MEW). Band 7. Berlim: Dietz Verlag, 1956. Pp. 244-254. CD-ROM. Produzido por Digitale Bibliothek. p. 247-8 e 254. Tradução de Nélio Schneider. “Mensagem do Comitê Central à Liga [dos Comunistas]”. In: MARX, K. Lutas de classe na Alemanha. São Paulo: Boitempo, 2010. pp. 57-75. p. 64.

Vito Letizia, Danilo e Emmanuel Nakamura em 2011

Ainda seguindo Marx: “Durante a luta e após a luta, os trabalhadores têm de colocar, em cada ocasião, as suas próprias exigências ao lado das exigências dos burgueses democratas.” Dessa forma, “eles têm de trabalhar para que a agitação revolucionário imediata não seja reprimida novamente de imediato após a vitória”.8Ibidem, p. 249; trad., p. 67. Nesse sentido, a Comuna de Paris, ao retomar aspirações colocadas na própria Revolução Francesa, fornece a prova de que uma revolução permanente estava em curso na Europa, até ser violentamente reprimida pela burguesia.

Com o fim da Comuna de Paris, houve uma nacionalização das lutas sociais e um movimento de adaptação do proletariado ao sistema capitalista. Isso porque, no plano propriamente social, a luta de classes no século XIX foi impulsionada pela recusa dos trabalhadores em aceitar a disciplina do mercado de trabalho em formação. Essas lutas reivindicavam direitos sociais (melhores condições de trabalho e redução da jornada de trabalho) e direitos civis (liberdades políticas e sufrágio universal). Elas receberam o apoio amplo da sociedade. O resultado disso foi, a partir da segunda metade do século XIX, e principalmente na Alemanha, uma elevação do status social dos trabalhadores assalariados, antes rebaixados ao subsolo da sociedade capitalista.

Esses acontecimentos não deixaram de repercutir no Brasil no começo do século XIX: “o afluxo de imigrantes europeus, o crescimento da atividade industrial e o aparecimento de um movimento operário, que se tornava importante na mesma época da Grande Guerra e da Revolução de Outubro na Europa”.9LETIZIA, V. A farsa democrática brasileira e o P-SoL, op. cit., p. 2. No entanto, os descaminhos da Revolução Russa de 1917 se traduziram em “aborto do processo de gestação da classe operária na América Latina”.10Idem. “Viabilidade do desenvolvimento capitalista na periferia”, op. cit., p. 55. E mais tarde, a influência do movimento operário europeu se traduziu em “influência aumentada dos partidos e das seitas que reproduziam as controvérsias da extinta Revolução (…), com predomínio inevitável do aparelho stalinista, então aureolado com as vitórias do único ‘socialismo realmente existente’”. O conteúdo libertário do movimento operário deu lugar a “um nacionalismo aprisionado no jogo sujo da guerra fria” e a uma “luta pelo desenvolvimento econômico independente”, o que “deslocou o movimento para o terreno da política burguesa”.11Ibidem, p. 57.

Na Europa, as organizações sociais eram dominadas “de um lado, por representantes de regimes autoritários, cuja legitimidade ‘socialista’, baseada na resistência à dominação econômica do centro capitalista, se dissolvia lentamente, rumo à perestroika; e, de outro, por ‘parceiros sociais’ da burguesia nas políticas promovidas pelo Estado de bem-estar”. Ou seja, os trabalhadores estavam sem organização política para resistir à avalanche do capitalismo financeirizado que viria a seguir, com a queda da URSS.

É a derrota da Revolução Russa que pode explicar a “tremenda reabilitação política do capitalismo, que passou de sistema odiado pela maioria da população do planeta no imediato 2º pós-guerra a sistema tido como único viável até pelas vítimas do rebaixamento geral do nível de vida desencadeado no fim do século XX”.12Idem. O P-SoL na encruzilhada, op. cit., p. 6.

Daí a importância de combater dois preconceitos que assolam a sociedade contemporânea: 1) a queda da URSS e do muro de Berlim não fornece uma prova da eternidade do capitalismo; e 2) “os rumos tomados pela ex-URSS deixaram a impressão de que conselhos populares, sovietes, etc. são menos democráticos do que parlamentos”, fundada no fato de que na Rússia de 1917 “o partido vitorioso representava apenas uma parte do operariado, que por sua vez era uma minoria (cerca de 5%) da população”, quando o “essencial” seria que os movimentos revolucionários evoluíssem necessariamente de modo a transferir o poder para a classe social que constitui a maioria da população.13Ibidem, pp. 6-7. Cf. LETIZIA, V. Realidade e opinião sobre a URSS: no apogeu e após a queda. Texto para discussão, agosto de 2007. p. 17.

No entanto, já em junho de 1918, o início da formação dos comitês de camponeses pobres (kombiedi) pelos bolcheviques, para combater os “especuladores” do campo, qualificados como kulak (“camponês rico”), expunha “um antagonismo que exclui a revolução camponesa da revolução operária”, pois “os alvos desses ataques são os sovietes camponeses (dominados pelos camponeses médios), herdeiros dos comitês da terra, que haviam feito a revolução”. Tratava-se de uma situação familiar à maioria esmagadora do campesinato: estava “sendo empurrada, mais uma vez, para o subsolo da sociedade russa”, devendo então “retornar à sua secular resistência passiva ao despotismo do Estado russo”. Por isso, para Letizia, a revolução como um todo começa declinar a partir desse momento.14LETIZIA, V. O processo revolucionário russo. Texto para discussão, agosto de 2008. p. 19.

Daí compreende-se a importância de “explicar como a grande Revolução de Outubro pôde evoluir para o regime aberrante dos anos 1930”:

Seria um erro grave condenar a Revolução de Outubro juntamente com o sistema que pretendeu representar sua continuidade. Mais grave ainda, porém, é insistir em apresentar o “socialismo real” como alternativa válida para o capitalismo.

É absolutamente necessário condenar a irracionalidade do sistema instaurado por Stalin na URSS. Tal orientação carrega consigo a responsabilidade de clarificar o processo que levou ao surgimento desse sistema a partir da Revolução de 1917. Mas é uma responsabilidade que os defensores do marxismo não podem evitar.

(…) À medida que o neoliberalismo atual for produzindo seus frutos, novas ideias e novas formas de luta contra o capital aparecerão. Se então os marxistas não tiverem mais cadáveres a esconder, terão novamente o mundo inteiro a seu favor.15Idem. Realidade e opinião sobre a URSS, op. cit., p. 17.

Para Vito Letizia, é “absolutamente necessário que o movimento socialista abandone de vez a velha visão de mundo do tempo da ‘guerra fria’ e comece a expor aos trabalhadores e a toda a sociedade que o grande confronto da atualidade não se dá entre o ‘mercado’ e um projeto socialista bem comportado ‘novo’, que ninguém sabe exatamente o que é (nem sequer os que o defendem), mas sim entre direitos de extorsão do capital e direitos dos trabalhadores e dos cidadãos em geral”.16Idem. O P-SoL na encruzilhada, op. cit., p. 6.

Mas, talvez, para “abandonar de vez a velha visão de mundo” seja preciso antes desconstruir a versão dominante da história narrada pelo historicismo burguês e pela historiografia determinista socialista, e introduzir uma intervenção crítica, um elemento de desordem e interrogação nessa narrativa que culmina no “fim da história” ou num “projeto socialista bem comportado ‘novo’”. Talvez, mais do que nunca, o trabalho do historiador materialista seja procurar os vestígios do passado nas diversas camadas do presente, sem temer voltar sempre ao mesmo fato e explorá-lo cuidadosamente; talvez essa seja a forma de lembrar que as aspirações de liberdade e igualdade, postas pela Revolução Francesa, não foram satisfeitas pela modernidade capitalista, mas sem precisar, com isso, “esconder os cadáveres” deixados pelo “socialismo realmente existente”, mas sim encontrar um lugar preciso de sepultura para eles no chão presente, possibilitando o luto e a continuação das lutas anticapitalistas; talvez essa seja a forma de fazer as pazes com o passado e esquecê-lo de maneira feliz; essa é talvez a forma de nos tornar livres do passado para então poder esclarecer os sofrimentos do presente e estar abertos a novas possibilidades de luta e vida.17Cf. BENJAMIN, W. Escavando e Recordando. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas II. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. pp. 239-240. Cf. GAGNEBIN, J.-M. O trabalho de rememoração de Penélope. Fevereiro de 2009. Trabalho inédito.

Plano de trabalho:

Esta pesquisa tem duas etapas. A primeira consistirá em uma série de entrevistas com Vito Letizia, a ser realizadas pelos membros deste projeto e possíveis convidados. Elas poderão ser feitas pessoalmente e/ou via internet. Pressupõe-se que os entrevistadores estejam preparados, isto é, tenham lido os textos do Vito Letizia e/ou conheçam uma bibliografia sobre o assunto e/ou tiveram contato com a organização Libelu ou a Organização Socialista Internacional (OSI). As entrevistas serão realizadas conforme a disponibilidade de Vito Letizia.

A segunda etapa consistirá na organização das entrevistas, tendo como objetivo publicá-las em livro. O trabalho de organização envolverá uma intensa e longa pesquisa bibliográfica, separação de citações e elaboração de notas. Ele será supervisionado por Vito Letizia.

Roteiro de entrevistas

  1. A Revolução Francesa: a origem das aspirações modernas de liberdade e igualdade
    • 1.1. A crise da monarquia absolutista francesa
    • 1.2. A burguesia e o povo contra o Estado monárquico
    • 1.3. O surgimento dos “clubes” e as novas exigências de representação política
    • 1.4. 14 Juillet: a derrota decisiva da monarquia absolutista e a abertura do processo revolucionário
    • 1.5. A declaração dos direitos do homem e do cidadão
    • 1.6. A lei marcial contra tumultos: o início do afastamento da burguesia em relação ao “povo miúdo”
    • 1.7. Os primeiros choques da burguesia contra sua base popular
    • 1.8. A cisão do movimento burguês: o nascimento da corrente republicana
    • 1.9. O “massacre no Campo de Marte”: o rompimento definitivo da burguesia constitucionalista com o movimento popular
    • 1.10. A ofensiva da burguesia republicana contra o movimento popular
    • 1.11. Os conflitos internos na burguesia republicana
    • 1.12 O desenvolvimento da dinâmica própria do povo miúdo
    • 1.13. A pena de morte contra os “partageux
    • 1.14. O Comitê de Salvação Pública
    • 1.15. A Constituição de 1793
    • 1.16 A crise da burguesia republicana

Interludium: a) a politização contra o Estado monárquico; b) a institucionalização das principais conquistas da revolução; c) violência revolucionária e repressão do Estado; d) as aspirações não satisfeitas.

  1. A social-democracia europeia: as aspirações de liberdade e igualdade nas mãos da classe trabalhadora
    • 2.1. A revolução de julho de 1830 na França
      • 2.1.1. As revoluções de 1830 na Europa
      • 2.1.2. A Santa Aliança e o papel da Rússia
    • 2.2. A revolução de fevereiro de 1848 na França
    • 2.3. A revolução de junho de 1848 na França: o movimento dos trabalhadores pela “república democrática e social”
    • 2.4. A primavera dos povos
    • 2.5. O Manifesto Comunista de 1848
    • 2.6. A Associação Internacional dos Trabalhadores
    • 2.7. A Comuna de Paris
    • 2.8. O Partido Social-Democrata da Alemanha
      • 2.8.1. O Programa de Gotha
      • 2.8.2.O Programa de Erfurt

Interludium: a) a “Revolution in Permanenz” em curso na Europa; b) a rejeição ao mercado de trabalho capitalista; c) a Comuna de Paris como modelo de “ditadura do proletariado”; d) os debates insuficientes: a questão nacional e o imperialismo; e) o comportamento como nação da classe trabalhadora alemã no final do século XIX.

Membros de Interludium, entrevista
  1. A Revolução Russa: as aspirações de liberdade e igualdade em poder do Partido Bolchevique
    • 3.1. A característica do feudalismo russo
    • 3.2. O despotismo pan-russo fortemente centralizado
    • 3.3. A ascensão de Pedro Alexeievitch
      • 3.3.1. A modernização industrial
      • 3.3.2. O direito dos servos reduzido a zero
    • 3.4. A influência do Ocidente sobre a base social urbana dos movimentos revolucionários russos
    • 3.5. A intensificação das manifestações e greves no reinado de Nicolau II
    • 3.6. O “domingo sangrento”, a greve geral e a Revolução de 1905
    • 3.7. A Revolução Russa de fevereiro de 1917
    • 3.8. A formação dos “comitês da terra”
    • 3.9. O Governo Provisório
    • 3.10. As “jornadas de abril” e as “teses de abril” de Lenin
    • 3.11. O Congresso Pan-Russo dos Sovietes em junho de 1917
    • 3.12. O II Congresso Pan-Russo dos Sovietes em outubro de 1917
    • 3.13. O apoio do Partido Socialista-Revolucionário aos bolcheviques
    • 3.14. A criação do Conselho Superior da Economia Nacional (Vesenkha)
    • 3.15. A criação da Comissão Extraordinária Suprema (VeTcheka)
    • 3.16. O I Congresso Pan-Russo dos Sindicatos
    • 3.17. A criação do Exército Vermelho de Operários e Camponeses
    • 3.18. A declaração de “direitos do povo trabalhador e explorado”
    • 3.19. A criação de bolsas de trabalho
    • 3.20. Os poderes extraordinários conferidos ao Comissariado do Povo para o Abastecimento (Narkomprod)
    • 3.21. A estatização geral da indústria em junho de 1918
    • 3.22. O V Congresso Pan-Russo dos Sovietes em julho de 1918
    • 3.23. A declaração de que as residências urbanas são propriedade social sujeitas a redistribuição pelo Estado
    • 3.24. A aprovação do código de trabalho pelo Comitê Central Executivo dos Sovietes de Toda a Rússia (VTsIK)
    • 3.25. O II Congresso Pan-Russo dos Sindicatos
    • 3.26. O decreto de fevereiro de 1919 que estatiza todas as terras
    • 3.27. A criação de uma “rede única de comuna de consumidores” em março de 1919
    • 3.28. A criação, pelo Conselho Superior da Economia Nacional (Vesenkha), de campos de trabalho forçado para os infratores da lei
    • 3.29. O IX Congresso do Partido Bolchevique
    • 3.30. O VIII Congresso Pan-Russo dos Sovietes
    • 3.31. O X Congresso do Partido Bolchevique
      • 3.31.1. A Nova Política Econômica (NEP)
      • 3.31.2. A insurreição de Kronstadt

Interludium: a) revolução camponesa e revolução operária; b) partido político como “vanguarda revolucionária”; c) “tarefas” democrático-burguesas da revolução; d) associação dos produtores livres ou controle da produção pelos operários?; e) organização do exército industrial de reserva através das bolsas de trabalho; f) vinculo social baseado meramente no trabalho e a relação de propriedade; g) a contradição entre o Estado e o movimento livre dos trabalhadores; h) o “termidor” da Revolução Russa.

  1. O Partido dos Trabalhadores: o esvaziamento das aspirações de liberdade e igualdade
    • 4.1. Como as aspirações de liberdade e igualdade, postas pela Revolução Francesa, foram “traduzidas” no Brasil
    • 4.2. A “gestação” da classe operária no Brasil
    • 4.3. O impacto da Revolução Russa na “gestação” da classe operária brasileira
    • 4.4. Os reflexos no Brasil da “guerra fria”
    • 4.5. O retrocesso do movimento operário no mundo e a “miraculosa regeneração política da burguesia brasileira”
    • 4.6. O grande movimento cívico contra a ditadura
      • 4.6.1. O crescimento da organização Liberdade e Luta (Libelu) no final dos anos 1970
      • 4.6.2. A fundação do Partido dos Trabalhadores (PT)
        • 4.6.2.1. Alternativa anticapitalista ou um projeto de Estado de bem-estar à brasileira?
        • 4.6.2.2. A “opção válida”: ocupar posições no aparelho de Estado burguês para tentar melhorar as condições de vida da população
        • 4.6.2.3. O enquadramento na pseudodemocracia da “Constituição cidadã” de 1988
      • 4.6.3. A farsa democrática brasileira
        • 4.6.3.1. O governo Lula
        • 4.6.3.2. A “domesticação” dos movimentos sociais
        • 4.6.3.3. A nova base popular de apoio a Lula
        • 4.6.3.4. O poder repressor sem limites do Estado brasileiro
        • 4.6.3.5. A “simbiose” entre capital e Estado: “excesso de Estado, combinado com uma escassez de respeito aos direitos do cidadão”
        • 4.6.3.6. Horizonte de expectativa da população: melhorias materiais concedidas paulatinamente
      • 4.6.4. Horizonte de expectativa da esquerda fora do PT:
        • 4.6.4.1 Revitalizar a militância que o PT destruiu
        • 4.6.4.2. Eleger representantes políticos melhores
        • 4.6.4.3. Divulgar um “novo” projeto socialista

Interludium: a) um Estado historicamente abusivo; b) a apropriação abusiva da terra e do espaço urbano pela classe dominante; c) o esvaziamento progressivo das aspirações de liberdade e igualdade; d) uma representação política baseada em “currais eleitorais”; e) desmascarar o intervencionismo “neoliberal”; f) combater o preconceito da inevitabilidade do capitalismo; g) paradigma da URSS: os movimentos sociais e as organizações políticas são vistos pela população como menos democráticos do que os parlamentos.


O economista e filósofo Emmanuel Nakamura foi aluno de Vito Letizia na PUC-SP e integrou o grupo de estudos Sociedade Marxista Buarquista. As imagens deste artigo são dos arquivos pessoais de Olívia Carolino e Danilo Nakamura.

Notas

  • 1
    LETIZIA, V. “Viabilidade do desenvolvimento capitalista na periferia (análise do desenvolvimento capitalista na periferia à luz do pensamento econômico crítico)”. In: VIEIRA, R. M.; SAWAYA, R. Brasil e América Latina: impasses e desafios para o desenvolvimento. Departamento de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUC-SP, 2006. p. 65.
  • 2
    Idem. A farsa democrática brasileira e o P-SoL. Texto para discussão, escrito em meados de 2008. p. 3.
  • 3
    Idem. O P-SoL na encruzilhada. Texto para discussão, janeiro de 2007. p. 2.
  • 4
    Idem. A farsa democrática brasileira e o P-SoL, op. cit., p. 3.
  • 5
    Ibidem, pp. 2-3.
  • 6
    Idem. Termidor. Texto para discussão, escrito no final de 2008. p. 2.
  • 7
    ENGELS, F.; MARX, K. Ansprache der Zentralbehörde an den Bund vom März 1850. Marx Engels Werke (MEW). Band 7. Berlim: Dietz Verlag, 1956. Pp. 244-254. CD-ROM. Produzido por Digitale Bibliothek. p. 247-8 e 254. Tradução de Nélio Schneider. “Mensagem do Comitê Central à Liga [dos Comunistas]”. In: MARX, K. Lutas de classe na Alemanha. São Paulo: Boitempo, 2010. pp. 57-75. p. 64.
  • 8
    Ibidem, p. 249; trad., p. 67.
  • 9
    LETIZIA, V. A farsa democrática brasileira e o P-SoL, op. cit., p. 2.
  • 10
    Idem. “Viabilidade do desenvolvimento capitalista na periferia”, op. cit., p. 55.
  • 11
    Ibidem, p. 57.
  • 12
    Idem. O P-SoL na encruzilhada, op. cit., p. 6.
  • 13
    Ibidem, pp. 6-7. Cf. LETIZIA, V. Realidade e opinião sobre a URSS: no apogeu e após a queda. Texto para discussão, agosto de 2007. p. 17.
  • 14
    LETIZIA, V. O processo revolucionário russo. Texto para discussão, agosto de 2008. p. 19.
  • 15
    Idem. Realidade e opinião sobre a URSS, op. cit., p. 17.
  • 16
    Idem. O P-SoL na encruzilhada, op. cit., p. 6.
  • 17
    Cf. BENJAMIN, W. Escavando e Recordando. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas II. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. pp. 239-240. Cf. GAGNEBIN, J.-M. O trabalho de rememoração de Penélope. Fevereiro de 2009. Trabalho inédito.

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