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Uma linha do tempo

1937

Rolante (RS) em 1950

Gaúcho

Vito Letizia nasce em 19 de dezembro, em Rolante, município próximo a Taquara, no Rio Grande do Sul.

Fim dos anos 1950 até 1965

Manifestação na Faculdade de Filosofia da UFRGS, nos anos 1960.

Movimento estudantil

Estuda História Natural e Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Passa a participar do movimento estudantil.

1961

Logo do PCB.

O Pecezão

Ingressa no Partido Comunista Brasileiro (PCB).

1962

Jornal posadista “Frente Operária”, de 5-04-1977

Posadismo

A partir da iniciativa de Luiz Paulo Pilla Vares, Vito Letizia, Deivis Hutz e outros integrantes da Juventude Comunista deixam o PCB para formar a regional gaúcha do Partido Operário Revolucionário (Trotskista), o POR-T, de orientação posadista. O partido atua no movimento estudantil e no meio sindical, nos segmentos dos trabalhadores da construção civil e dos metalúrgicos.

1965-1968

Professor

Leciona História Natural na rede estadual de ensino de segundo grau do Rio Grande do Sul.

1967

Dissidência

Divergências com a linha do POR-T, levam Vito Letizia e outros militantes a formarem a Fração Bolchevique Trotskista (FBT), uma tendência interna de oposição à direção, que acusam de sectarismo e de se afastar do programa da 4ª Internacional.

1968

A Fração Bolchevique

Todos os integrantes da fração são expulsos do POR-T. Em abril decidem fundar um partido e entre julho e agosto realizam a 1ª Conferência da Fração Bolchevique Trotskista. Ainda em julho, alguns militantes vão a São Paulo fazer contato com o Movimento Estudantil 1º de Maio, outra cisão recém-formada do posadismo, e discutir a possibilidade de unificação.

Outubro de 1969

Stéphane Just, da OCI

Contatos internacionais

Vai à Europa para estabelecer contatos com o movimento trotskista internacional e passa por França, Itália e Inglaterra. Na França, se aproxima da Organisation Commnuniste Internationaliste (OCI), que será a principal impulsionadora da criação do Comitê de Organização pela Reconstrução da 4ª Internacional (Corqui) em 1972. Suas reuniões com Stéphane Just, da OCI, e Francisco Solano, do ME 1º de Maio, marcam o princípio do rompimento da FBT com o posadismo. Na volta ao Brasil, a fração busca se construir nacionalmente, contatando militantes que tinham rompido com o POR no Nordeste e em São Paulo.

Fevereiro de 1970

Organização

A FBT faz sua 2ª Conferência Nacional, com núcleos do Rio Grande do Sul, São Paulo e Nordeste. Ela decide não se filiar imediatamente a nenhuma organização internacional e apostar na expansão de sua base.

Maio de 1970

Prisão

O recrudescimento da repressão da ditadura interrompe os planos da FBT, que fica completamente desarticulada depois de uma série de prisões que começa em Porto Alegre. Vito Letizia é preso por “atividade subversiva” e fica quase três anos na cadeia, dos quais 18 meses numa cela solitária num quartel do exército localizado em São Leopoldo (perto de Porto Alegre).

1973

Exílio

Em meio a uma nova onda de prisões, Vito Letizia é libertado no fim de 1972. Mas a FBT avalia que sua situação não é segura e ele se exila em Paris. Lá milita com o grupo Outubro, formado pelos trotskistas que tinham partido para o exílio na repressão dos anos anteriores, e ligado à OCI e ao recém-criado Corqui, liderado por Pierre Lambert. Nesse período estuda Geografia na Universidade de Paris VIII e participa das discussões para a unificação dos grupos trotskistas brasileiros – além da FBT e do grupo Outubro, o ME 1º de Maio, rebatizado de Organização Comunista 1º de Maio, e a Organização de Mobilização Operária (OMO), liderada pelo líder sindical Paulo Skromov.

A partir de 1974

Artigos políticos

Começa a colaborar de forma frequente como articulista político na imprensa militante do Brasil e da Europa. A atividade se estende até 1987, quando sua participação se tornará mais eventual.

1975

Clandestinidade

Volta ao Brasil clandestinamente. É como dirigente clandestino, como camarada Michel ou camarada Gilberto, que ele participa de todo o processo de fusão de vários dos grupos trotskistas brasileiros.

1976

As fusões

No início de 1976 forma-se a Organização Marxista Brasileira (OMB), a partir da fusão da Fração Bolchevique Trotsquista (FBT), do Grupo Outubro e da Organização de Mobilização Operária (OMO). Entre junho e julho de 1976, a Frente Estudantil Socialista, da Organização Comunista 1º de Maio, e a Tendência pela Aliança Operário-Estudantil, ligada à OMB, se unificam e dão origem à tendência estudantil Liberdade e Luta, que ficou famosa como Libelu. Em novembro, a Organização Comunista 1º de Maio funde-se com a OMB.

Novembro de 1976

Criação da OSI

Vito participa da fundação da Organização Socialista Internacionalista (OSI), resultado de todas as fusões, em uma conferência clandestina, realizada na Praia Grande (SP). Como dirigente da OSI, ao longo dos anos seguintes é um dos responsáveis pela Libelu, que chega a reunir milhares de jovens em todo o país.

Entre 1976 e 1979

Cida Duran

Conhece Cida Duran, que será sua companheira de toda a vida. Ela e duas amigas estavam encarregadas de transportá-lo por São Paulo durante o período em que estava na clandestinidade. Cida e Vito passam a morar juntos por volta de 1977. Em agosto de 1979, com a decretação da anistia, ele deixa de ser clandestino.

Ao longo dos anos 1980

Segunda viagem a Paris

Estuda Economia Política na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Entre 1981 e 1983, ele e Cida passam uma temporada em Paris. Surgem as primeiras discordâncias com a OCI, agravadas pela expulsão de Stéphane Just, de quem Vito era próximo. Nesse mesmo período, a OSI decide entrar no PT, fundado em fevereiro de 1980 – seus militantes, Vito incluso, se filiam, e a Libelu se integra ao partido.

1981

Nasce o Cemap

É um dos fundadores do Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa (Cemap), em São Paulo. Coordena a edição do livro Os quinze primeiros anos da Quarta Internacional, de Jean-Jacques Marie, publicado pela Palavra Editora.

1984

Diretor

Torna-se diretor do Cemap, que pouco depois passa a publicar um boletim periódico, o Correio Cemap.

1986-1987

Saída da OSI

Vito deixa a OSI, em busca de um curso político próprio. Ele continua filiado ao PT. No ano seguinte, presta concurso para professor de biologia na rede pública estadual de São Paulo e vai dar aula num colégio onde hoje fica a estação Guilhermina-Esperança do metrô.

1988

A PUC

No começo do ano, a professora Rosa Maria Marques o leva para a PUC de São Paulo, onde passa a lecionar Economia Política e Formação Econômica do Brasil, atividade que exercerá até 2008. Como professor da PUC, desenvolve uma intensa atividade acadêmica e política, reivindicando o marxismo, que inclui a produção de textos de análise, reflexão e crítica sobre o Brasil, a América Latina e a situação internacional. Também promove discussões de formação com estudantes.

Meados dos anos 1990

Fora do PT

Vito decide sair do PT. Nos anos seguintes, tem uma participação breve e reticente no PSOL. Mas sua atividade se concentra cada vez mais na análise e na discussão sobre o marxismo.

2002-2010

Integrantes da Sociedade Marxista Buarquista com Vito Letizia

Sociedade Marxista Buarquista

Organiza um grupo de estudos com alunos da PUC e da USP e simpatizantes – autodenominado Sociedade Marxista Buarquista (SMB). O foco do grupo é a leitura e análise de textos filosóficos e históricos de Marx e sobre a Revolução Francesa, a história da social-democracia europeia e a Revolução Russa.

2002-2003

“O dinheiro mundial”

Em 2002, convidado pelos alunos, participa da 1ª semana de Economia da PUC-SP, cujo tema era “Império”. A partir dessa experiência no ano seguinte cria uma disciplina optativa sobre “o dinheiro mundial”, que tem muito sucesso entre os estudantes.

2008

Mudança

Vito se aposenta da PUC em maio de 2008. Em agosto do mesmo ano, muda-se para Gramado (RS). Vai com frequência a Porto Alegre para discutir com seus “amigos de ideias” e visitar seus familiares. Também mantém as discussões com os integrantes da SMB.

2010-2012

Encontro do grupo de Interludium em São Paulo, em outubro de 2011

Entrevistas

Em Gramado, dá sequência a uma série de entrevistas a ex-estudantes e alguns ex-militantes da OSI. A ocasião serve como impulso para a formação de um grupo de estudos e debates políticos que se constitui com o nome de Interludium – reflexões anticapitalistas. As entrevistas têm como objetivo sistematizar o pensamento de Vito. Elas somam quase cem horas de gravação. Vito parte da gênese da Revolução Francesa de 1789 para explicar o processo histórico de formação das esquerdas até chegar ao Brasil dos anos Lula.

25 de outubro de 2011

Vito Letizia e o grupo Interludium na revista "Caros Amigos"

O site de Interludium

Inaugura o site do grupo Interludium na internet, com um debate na Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc). Nessa mesma semana, aproveitando a vinda a São Paulo, Vito Letizia participa no dia 26 do “Seminário das Quartas”, organizado pelo filósofo Paulo Arantes na FFLCH da USP, com o tema “a crise do capitalismo”. E no dia 28 dá uma longa entrevista à revista Caros Amigos.

8 de julho de 2012

Morte

Vito morre em Porto Alegre, aos 74 anos de idade, vítima do câncer com o qual lutava havia dois anos.

Novembro de 2012

“A Grande Crise Rastejante”

Interludium e a Editora Caros Amigos lançam A Grande Crise Rastejante, primeiro livro de Vito Letizia, que reúne artigos sobre várias questões políticas relevantes, como a crise financeira mundial, a destruição da Amazônia e as origens do que é a China nos tempos atuais.

31 de agosto de 2013

Cemap-Interludium

O grupo Interludium constitui a sociedade civil de interesse público (oscip) Cemap-Interludium – Centro de Estudos do Movimento Operário, e assume o acervo do Cemap, que está sob a guarda do Centro de Memória e Documentação (Cedem) da Unesp.

28 de outubro de 2014

“Diálogos”, livro 1

Cemap-Interludium lança Contradições que movem a história do Brasil e do continente americano. É o primeiro livro da série “Diálogos com Vito Letizia”, organizada a partir das quase cem horas de entrevistas realizadas a partir de 2010. Este volume aborda o caminho aberto pela empreitada colonial que resultou, cinco séculos depois, na formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e na condução de Luiz Inácio Lula da Silva ao posto de presidente da República.

13 de novembro de 2015

“Diálogos”, livro 2

Cemap-Interludium publica As Origens das Aspirações Modernas de Liberdade e Igualdade, o segundo livro da série “Diálogos com Vito Letizia”, que reúne as discussões sobre a Revolução Francesa e a social-democracia europeia. Nele, Vito aponta que os teóricos marxistas formados no contexto da Revolução Russa negligenciaram a conexão entre a Revolução Francesa e a formação das reivindicações da classe trabalhadora durante o período de surgimento da social-democracia europeia, na segunda metade do século 19, ao ponto de que hoje esses dois momentos parecem estar completamente dissociados.

25 de outubro de 2017

“1917: Uma revolução confiscada”

Cemap-Interludium lança 1917: Uma revolução confiscada, o terceiro e último livro da série “Diálogos com Vito Letizia”. O volume apresenta uma nova narrativa para a Revolução Russa, que analisa e descreve o desenvolvimento dos acontecimentos como resultado das contradições materiais existentes e da tentativa de superá-las, ao mesmo tempo em que resgata e coloca no contexto dessas contradições os aspectos culturais, históricos e religiosos da história russa, aos quais Vito dava grande importância.

A página “artigos e entrevistas” lista todos os textos produzidos por Vito Letizia, inclusive os mencionados nesta linha do tempo. Para ler um deles basta clicar no título.

Créditos das imagens

  • Imagem de Rolante (RS). Fonte: Acervo Teresinha Schmidt, via Flickr.
  • Manifestação na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no campus Centro, em meados dos anos 1960. Fonte: Banco de Dados do Museu da UFRGS.
  • Primeira página do jornal posadista “Frente Operária”, de 5 de abril de 1977. Fonte: Arquivo Lúcio Lara do Centro de Documentação Tchiweka (CDT), da Associação Tchiweka de Documentação, de Angola.
  • Stéphane Just, um dos líderes da Organisation Communiste Internationaliste (OCI), 4ª internacional. Fonte: seção francesa do Arquivo Marxista na Internet.
  • Foto antiga do 19º Regimento de Infantaria de São Leopoldo (RS), sem data. Fonte: Acervo dos municípios brasileiros/Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
  • Montagem com fotos de Pierre Lambert e Paulo Skromov. Fontes: a imagem de Skromov é de seu arquivo pessoal e a de Lambert é do acervo do semanário Informations Ouvrières, do Parti Ouvrier Indépendant (POI), publicada no site do grupo La Commune.
  • Encontro da corrente estudantil Liberdade e Luta na faculdade de História da Universidade de São Paulo (USP), no fim dos anos 1970. Fonte: fundo do jornal O Trabalho no Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa (Cemap).
  • Montagem de edições do jornal “O Trabalho”. Fonte: fundo do jornal “O Trabalho” no Cemap.
  • Fúlvio Abramo (esq.), Hermínio Sachetta, Raul Karacik, Plínio Mello, Vito Letizia e Regis Leme no lançamento do livro “Os quinze primeiros anos da Quarta Internacional”, de Jean-Jacques Marie, publicado pela Palavra Editora em 1981. Fonte: arquivo pessoal de Dainis Karepovs.
  • Primeiro boletim “Correio Cemap”, do Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa, publicado em 1º de julho de 1985. Fonte: Cemap.
  • Frente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no bairro de Perdizes. Fonte: arquivo do site de Cemap-Interludium.
  • Integrantes da Sociedade Marxista Buarquista com Vito Letizia em São Paulo, em fins de 2008. Fonte: arquivo pessoal de Danilo Nakamura.
  • Cida Duran e Vito Letizia em Gramado (RS). Fonte: arquivo pessoal de Danilo Nakamura.
  • Encontro do grupo de Interludium em outubro de 2011. Fonte: arquivo pessoal de Jorge Cecin.
  • Vito Letizia e integrantes do grupo Interludium na revista “Caros Amigos”, em 2011. Fonte: arquivo pessoal de Danilo Nakamura.
  • Logotipos do PT, do PSOL e do PCB foram tirados dos respectivos sites dos partidos na internet.
  • As imagens das capas dos livros de Vito Letizia fazem parte do arquivo de Cemap-Interludium, assim como as fotos de sua primeira assembleia.